25/11/2008

Promessa tóxica

O carioca que votou em Eduardo Paes a partir de sua promessa de instituir o bilhete único no sistema de transporte público do Rio comprou um papel tóxico.

O mesmo instituído em São Paulo em 2004 e adotado em todas as grandes capitais do Brasil, tornou-se uma forma de engodo no Rio.



O Governador do PMDB, Sr. Sergio Cabral prometeu concluir os estudos para a criação do bilhete único no final deste ano. NADA. Eduardo Paes fez da nova tarifa um compromisso de campanha. Agora, anuncia-se que ela será implementada aos poucos, com a construção de pequenos terminais (Em São Paulo e Nova York, o bilhete único não precisou de terminais0

para bom entendedor, meia promessa basta. A tarifa que permite baixar o custo do transporte virá aos poucos, mas a licitação para a construção de pequeno$ terminai$ virá logo.

Nunca é demais lembrar o tamanho da diferença existente entre as tarifas de transportes públicos do Rio e de São Paulo. Em maio passado, ela permitia ao paulistano que faz quatro percursos diários para ir e voltar do trabalho almoçar de graça entre quatro e 12 pratos feitos (A R$ 6 cada PF)

Elio Gaspari O GLOBO

09/11/2008

Mais uma do Sr. Eduardo Paes


Educação: reprovação só ao fim do ciclo continua

Paes não acabará com sistema atual de avaliação de alunos. Futura secretária da área é ex-ministra e quer investir em cursos para professores
Carol Medeiros e Pedro Landim
Rio - A promessa de revogação do sistema de aprovação automática nas escolas, feita na campanha pelo prefeito eleito Eduardo Paes (PMDB), pareceu cair por terra ontem, nas palavras da nova secretária de Educação, a professora e ex-ministra Cláudia Costin, apresentada na Fundação Getúlio Vargas (FGV). O processo de avaliação contínua, em ciclos — conhecido pejorativamente como aprovação automática —, permanecerá. Porém, com o diferencial do investimento no reforço para os alunos.
“O sistema de ciclos virou sinônimo de aprovação automática pela forma com que foi feito no Rio, sem investimentos em professores e no reforço escolar. Faremos isso, com prioridade para o primeiro ano”, disse Cláudia, referindo-se ao início do primeiro ciclo, faixa dos 6 anos, equivalente à antiga classe de alfabetização. “É inaceitável ver crianças aos 10 anos sem alfabetização. Daremos condições para que aprendam, e há caminhos no orçamento”, disse.
A outra ponta do investimento, apontada por Cláudia como fundamental, é a capacitação dos professores, que pode ser feita em parceria com universidades. “Eles são as peças-chaves e terão cursos o ano inteiro”, afirmou.
Especialistas avaliam que, para o êxito da avaliação continuada e o acompanhamento do reforço escolar, é preciso contratar professores com maior jornada de trabalho. “A avaliação em ciclos precisa de investimentos em professores e aumento da carga horária, que é irrisória”, disse Bertha Reis, professora de Políticas Públicas em Educação da Uerj.
“O reforço proposto é incompatível com o número de professores. Há salas superlotadas e carência de profissionais”, diz Danilo Serafim, coordenador-geral do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe). Ele informa que a média é de 40 alunos por sala. Com 1.200 escolas e 700 mil alunos, o Rio tem 30 mil professores. A contratação de mestres foi promessa de campanha.
“Teremos um ano fiscal difícil, mas Educação é prioridade e urgência”, afirmou Cláudia, ex-secretária estadual de Cultura em São Paulo, entre 2003 e 2005 e ex-ministra de Administração Pública e Reforma do Estado, entre 1998 e 1999, no governo FHC.
REPROVAÇÃO SÓ A CADA 3 ANOS
No início de 2007, a prefeitura levou para todo o Ensino Fundamental o sistema de avaliação continuada, que começou a ser implantado em 2000, da 1ª a 4ª série, na administração de Luiz Paulo Conde. O processo, baseado em sistemas educacionais de países desenvolvidos, como EUA, França e Alemanha, acaba com a repetência dos estudantes do 1º ao 9º ano (antiga oitava série), substituindo as séries por três ciclos.
As matrículas passaram a ser feitas por idade. O primeiro ciclo tem alunos entre 6 e 9 anos; o segundo, de 9 a 11; e o terceiro, entre 12 e 14. Os conceitos Ótimo (O) e Insuficiente (I) desapareceram, restando Muito Muito Bom (MB), Bom (B), Regular (R) e Registra Recomendações (RR). Estes podem ficar “retidos” só ao fim de cada ciclo, com acompanhamento para juntar-se depois aos demais. O método trabalha com o aspecto qualitativo à frente do quantitativo: o que o aluno fez ao longo do tempo é mais importante do que o que o estudado para determinada prova.